Psicanalistas alertam para um surto de violência doméstica e de rua ligada ao bloqueio

Setembro de 2020

Membros da International Psychoanalytical Association - o principal órgão mundial de credenciamento e regulamentação da profissão psicanalítica - previram um aumento global na violência doméstica e nas ruas como resultado e após o bloqueio.

O alerta vem do Comitê de Violência da Associação, que foi criado em 2018 para estudar as ligações violência e saúde mental.

As medidas de bloqueio levaram a uma redução geral na disponibilidade de tratamentos psicológicos. Isso é especialmente relevante para um grupo de pessoas que, sem apoio psicológico regular, se torna mais vulnerável a impulsos violentos. O paradoxo de ser forçado a uma proximidade permanente com alguns e ao mesmo tempo ter que manter distância social de outras pessoas importantes durante o confinamento significa que qualquer sofrimento pré-disposição não tem saída e permanece oculto. A consequência é que essas pessoas vulneráveis ​​estão sujeitas a uma piora ainda maior em seus sintomas, o que pode incluir manifestações violentas. As medidas de bloqueio produziram, portanto, um aumento na violência doméstica. Mas a flexibilização do bloqueio não é apenas seguida por uma melhoria. Além de um enorme acúmulo de tratamentos psicológicos, a 'liberdade' conquistada também oferece espaço para representar o sofrimento fora dos confinamentos das casas, levando, portanto, também a um aumento da violência nas ruas.

O alívio de sentimentos angustiantes por meio do recurso mal adaptativo à violência física pode ser testemunhado em todas as camadas da sociedade. No entanto, a falta de apoio psicológico para pessoas propensas a essa forma de lidar com seu sofrimento aumenta o risco de recorrerem à violência. A crise atual é um forte lembrete de que o apoio psicológico contínuo para esses indivíduos antes de se tornarem perpetradores é a melhor forma de prevenir a violência, protegendo também aquelas pessoas que de outra forma teriam que sofrer ao se tornarem vítimas de violência.

“Nosso comitê está pedindo aos políticos e formuladores de políticas que apoiem os serviços sociais e de saúde pública, equipando-se para o apoio psicológico e intervenções necessárias antes que o sofrimento chegue ao estágio de violência”, Conclui a Dra. Carine Minne, presidente do Comitê de Violência.

Comitê de Violência IPA